ou mesmo nada, porque todos nós sabemos que uma hora às vezes
parece uma eternidade e, outras vezes, passa como um relâmpago,
dependendo do que acontece nessa hora.”
(Livro Momo e o Senhor do Tempo, de Michael Ende)
Sábado à tarde. Você se atira no sofá depois de almoço e aproveita para ler aquele relatório que não conseguiu olhar durante a semana, para responder a alguns e-mails ou enviar mensagens para agitar uma reunião da equipe. No sábado? Sim. As novas tecnologias têm provocado uma intersecção entre tempo livre e tempo de trabalho, que tem transformado a maneira como as vidas pessoal e profissional têm sido tradicionalmente organizadas.
Afinal, em pleno século 21, faz sentido ter a vida funcionando tal como era na revolução industrial, no final do século 18 e início do século 19? Excetuando-se a produção industrial, a rotina, hoje, é online e mobile. Você não precisa se deslocar até o escritório para realizar um grande número de tarefas. Pode ler aquela notícia em qualquer hora e lugar. Pode realizar o sonho de passar um longo período viajando, como fazem os nômades digitais, sem precisar abandonar o trabalho. Ou morar no exterior e prestar serviços para clientes no Brasil.
Esse admirável mundo novo traz, também, questões complexas, com as quais precisamos lidar. A partir da era digital, iniciada nos anos de 1980, nos vemos imersos em um mar de informações, tendo que responder e interagir com um grande número de pessoas em diferentes redes sociais e acompanhar de perto o desempenho de nossas empresas no mundo virtual. Tudo isso sem deixar de lado o mundo real.
Parece que há muito a ser feito e um relógio cada vez mais apertado. E, no fim, quase todo mundo reclama que não tem tempo. O sociólogo italiano Domenico di Masi, que defende a tese do ócio criativo, diz que a falta de tempo é uma questão artificial. “Vivemos quase o dobro de nossos bisavôs. Além disso, inventamos um monte de máquinas para economizar tempo”, disse em uma entrevista durante uma visita ao Brasil.
O que ele chama de ócio criativo nada tem a ver com o fazer nada ou com a preguiça. Ao contrário, significa fazer três coisas simultaneamente: trabalhar, estudar e se divertir. Se você faz um trabalho com significado, que traga satisfação pessoal, ao mesmo tempo em que aprende e ganha dinheiro, está praticando o ócio criativo. No mundo corporativo, essa deve ser uma busca constante, acredita di Masi, porque o grande valor das empresas, hoje, está na capacidade de criar, inovar e gerar conhecimento. Tudo junto e misturado.
Então, se a falta de tempo é problema para você, cabe refletir:
1. Você está no lugar certo, fazendo o que gostaria de fazer? Muitas vezes, a insatisfação gera um dispêndio físico e emocional que pode provocar a sensação de ocupação extrema. Em vez de realização, isso pode gerar impotência.
2. Sua energia está no presente, no passado ou no futuro? Às vezes, sofremos tanto com o passado que consumimos boa parte de nós, e de nosso tempo, com arrependimentos. Ou estamos tão centrados no futuro que atropelamos o tempo presente.
3. Você costuma estar 100% focado no momento, com atenção plena para o que está fazendo? Pegar o “caminho da roça” e desviar-se do local para onde pretende ir, ser apresentado a alguém e em seguida esquecer o nome da pessoa, terminar uma conversa e não lembrar direito o que foi dito são situações comuns, que acabam criando desgastes cotidianos.
4. Quando está com as pessoas que ama, você costuma estar, de fato, presente? Pesquisas têm mostrado que a qualidade do tempo com os filhos é o que realmente faz a diferença para a relação. Extrapolando para outras situações da vida, a presença e dedicação total de atenção nos momentos de convivência podem contar mais que a quantidade de horas.
5. Você se culpa quando se vê com tempo livre, sem nada para fazer? A pausa para esvaziar a mente e descansar o corpo é fundamental para se conectar com você, investir em projetos pessoais e cultivar atitudes que vão ao encontro da felicidade.
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